“A tua coisa”
Filha,
Quero saber como passaste o resto da noite. Eu cheguei bem, por baixo d’água, e como estavam as rondas a renderem-se na encruzilhada, vem entrar na minha chácara de frente do Queirós, onde se está fazendo um muro novo. Para veres a esquisitice de tua coisa, remeto a camisa, e onde vai pregado um alfinete verás o que deitei espremendo às seis horas, e mais acima o que espremi depois, que já não é nada. Creio pelo dia adiante ela se portará como ontem; não tem nada que nos impossibilite de fazermos amor, não importa que o tempo e cautela a há de pôr boa e serei.
Teu filho, amigo e amante fiel, constante, desvelado, agradecido e sempre verdadeiro Imperador
PS: Estou suspirando pela ópera para te ver, e pelo fim dela muito mais para te apertar nos meus braços.
18 de novembro de 1827Prezado Senhor, Prezada Senhora - Organização Walnice Nogueira Galvão e Nadia Gotlib, Companhia das Letras, 2001
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