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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Notável Rilke a Lou Andréas-Salomé

"É preciso morrer para que os conheçamos". Morrer de indizível floração do sorriso; morrer de suas mãos leves. Morrer de mulheres.

Que o adolescente conte aquelas que dão a morte quando pairam no espaço de seu coração.
Que de seu peito desabroche,
se eleve seu canto para elas:
inacessíveis. Ah, como elas são estranhas!
Além dos cumes
de seu coração elas sobem e se espalham
da noite docemente metamorfoseada no
abandono vale de seus braços. Mugi
o vento de suas encostas na folhagem de 
seu corpo, cintilam,
seus fugitivos riachos
mas que o homem
se cale, mais abalado. Ele que,
sem caminho, a noite nos montes
desses sentidos errou:
que ele se cale.

Paris, julho de 1914