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quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Comida e Amor - parte I

Naquela sexta feira, maio de 2014, ensolarada, um tanto gelada, partimos rumo a cidade de  Gonçalves - MG, nossa primeira viagem -  estava começando.
Sair de São Paulo numa sexta-feira é sempre um trânsito, aquela demora de sempre, estávamos felizes, conversamos por toda a estrada, ele dirigia e eu despreocupada, confiava nele, desde a primeira palavra trocada - tudo parecia conhecido, seguro, podia confiar, definitivamente confiar.
Chegamos, não tínhamos comida, água, não levamos nada para comer ou beber;  na nossa insensatez quase juvenil, havíamos decidido comprar a comida quando chegássemos, para nossa surpresa, ao longo do caminho escolhido, nada para comprar, achamos uma vendinha, aquelas de rua de terra do interior, paramos, entramos e não havia nada que, pudesse parecer apetitoso, para um casal que faz sua primeira viagem, em dias de muito frio por aquelas bandas do mundo. Ele escolheu macarrão de uma marca desconhecida, linguiça calabresa, suco, chá e um pacote de bolacha água e sal, pronto, nossa refeição estava em uma sacolinha branca, da vendinha da rua de terra.
Bom, escolhemos o caminho e lá fomos nós, por uma interminável estrada de terra, subidas, descidas, estrada com erosão, hortênsias, cheiro de terra, eu me divertia, abria o vidro do carro e não parava de falar, estado de felicidade e a certeza que estava tudo certo, mal sabia que o silencio dele era pura tensão, preocupação, estávamos sozinhos no meio do nada, longe da nossa hospedagem, no nosso entorno apenas mato, flores e mais cheiro de terra, interminável estrada de terra, chegamos! Bom, chegamos no asfalto, na cidade, não chegamos na nossa hospedagem, eu estava faladeira  e ele tenso, naquele dia eu não sabia, depois ele me contou a tensão que sentiu, muito característico ficar em silencio quando está tenso e pensativo. 
Ele parou, perguntou no posto policial o local da nossa pousada, como numa cidade pequena, o policial nos levou até a entrada da rua da nossa pousada, chegamos! Frio, 7 graus, sensação térmica mais gelada , ele só tinha uma jaqueta de meia estação e eu,  muita  roupa,  nada quente o suficiente, mas tínhamos meias, cobertores, edredom e afinidades.
Entramos! Nos esquentamos, sem comida, sem bebida, nesse momento começou nossa história amorosa, se saíssemos dali em simetria, seriamos simétricos e assimétricos, arrumados e desarrumados mas sempre parceiros.
Dormimos, juntos e aquecidos....